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20080425

VENHO CONTAR-TE ESTRANGEIRO



Comemora-se hoje, mais um aniversário do 25 de Abril. E para festejar este dia, um poema meu que já tem algum tempo, e que já fo publicado no SEXTA-FEIRA, o meu outro blog. Espero que gostem.


Venho contar-te estrangeiro
do meu país
Portugal
Aos teus olhos tão estranhos vou mostrar-te
as aldeias esquecidas de Trás-os-Montes
onde os campos raquiticos não dão pão
Terras,só terras,sem água, sem luz
sem escolas
sem homens
que já se cansaram da fome
herdada
desde longínquas gerações.

Venho contar-te estrangeiro
do meu país
Portugal.
Aos teus olhos velados da cegueira
das campanhas turísticas.
Aos teus olhos que erram pelas praias
banhadas de sol.
Venho contar-te estrangeiro
as horas de incerteza e de angústia
vividas pelo meu povo
que pela fome ,o mar tornou seu escravo.
E...venho contar-te mais
desta terra onde nasci...
Onde os homens nascem
vivem
e morrem
sem consciência de terem vivido.
Terra de homens-escravos
do tempo
das máquinas
do dinheiro
da própria Vida.

Venho contar-te estrangeiro
do meu país
Portugal.
Deste país que já não é de poetas
porque um dia um punhado de homens acordou
quebrou as amarras do medo e lutou.
Era Primavera e os cravos floriram.
Na terra dos homens-escravos,
a Revolução nasceu.

Hoje...quero contar-te estrangeiro
quando o desalento mata a esperança
quando o desemprego cria raízes no meu país
e o meu povo envelheçe desiludido
olhando as pétalas secas dos cravos.
Hoje... quando os homens se esquecem dos sonhos
e voltam a ser escravos.
Hoje, estrangeiro
como eu queria acordar este país
com a revolta que me rasga o peito
e gritar
EU QUERO UM PORTUGAL DIFERENTE
no futuro